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Conservação dos cajueiros: testadas pela Embrapa, sementes guardadas há 20 anos germinam
Pesquisadores comemoram o resultado, já que as populações dessa frutífera têm apresentado declínio

Por Mapa
Publicado 26/11/2020
Atualizado 26/11/2020
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Testes realizados na Embrapa Agroindústria Tropical (CE) e Embrapa Recursos Genéticos (DF) revelaram ser possível preservar o patrimônio genético do cajueiro, a longo prazo, por meio de sementes. Sementes guardadas há 20 anos foram testadas com índice de germinação de 90%. Esse resultado é um alento para a ciência, que está preocupada com o declínio crescente de populações de cajueiro.

O resultado do teste animou os pesquisadores, pois a manutenção de sementes em câmara fria ampliará os esforços de conservação da diversidade. Até agora, o padrão estabelecido é a utilização de plantas em campo e telado, uma estratégia que exige grande investimentos em área agrícola, insumos e serviços.

Para os pesquisadores, a viabilidade de uma segunda via de conservação representa uma esperança para o futuro. “O cajueiro é uma importante planta nativa, os velhos cajueiros gigantes, mesmo improdutivos, guardam um rico patrimônio genético”, diz a pesquisadora Ana Cecília Ribeiro de Castro, coordenadora do Banco de Germoplasma de Cajueiro, o BAG Caju – o maior e mais antigo banco dedicado à conservação da variabilidade genética do cajueiro do mundo. A cientista salienta que essa variabilidade é muito valiosa e guarda riquezas como resistência a doenças e pragas que poderão surgir no futuro.

Ela explica ainda que até o momento não havia dados de pesquisa que atestassem a viabilidade da manutenção de sementes de cajueiro a longo prazo. Uma remessa de sementes guardadas há 20 anos a -20°C na Coleção de Base de Sementes (Colbase) – mantida na Embrapa Recursos Genéticos e Biotecnologia, revelou que essa é uma estratégia factível. “Solicitamos o material ao pesquisador responsável pela Colbase. A germinação foi praticamente a de uma semente recém-colhida. Excelente”, comemora.

A cientista pondera ainda que embora represente uma boa alternativa, esse avanço não substitui a necessidade de manter as plantas clonadas no campo, porque o cajueiro é uma espécie alógama. Isso significa que sua fertilização é cruzada. Ou seja, uma semente apenas não carrega todas as características expressas na planta que a gerou. “Se pego sementes no campo aleatoriamente, vou ter árvores diferentes, em termos de fenótipo. Para representar uma planta no BAG serão necessárias muitas sementes, ou simplesmente obtê-la por clonagem”, explica.

Para ela, a maior importância do trabalho é a possibilidade de ampliar os esforços de conservação da biodiversidade do cajueiro, mesmo que não tenha como analisar agora. “Eu posso coletar a biodiversidade agora para, em uma segunda etapa, com ferramentas analíticas mais robustas, daqui a 20 anos, quem estiver no meu lugar tenha o recurso genético guardado”, revela.

Fonte: Mapa